( Autor desconhecido )

 

 

Alegria, brilho,
cores, dança,
corpo quente,
fervente,
coração ardente,
saltitante,
trazendo ilusões,
arrebentando peitos,
despertando paixões.

Girando, girando
rodopiando no ar,
balançando as saias,
jogando flores,
arrancando aplausos,
recebendo amores.

Na tenda trançada
de cores vivas,
sedas e perfumes,
rodeada de gente, mimos,
colares e pandeiros,
violinos tocando ao fundo
belas canções de amor.

Assim é sua vida
todo dia,
desde cedo,
sem pressa,
só sorrisos
até o anoitecer.

Chega a noite e com ela
se despe de tudo,
guarda suas saias,
recolhe as flores,
fecham-se as cortinas.

E aí fica somente ela
sem os brilhos,
sem os adornos,
sem os pandeiros,
as castanholas
e sem a alegria.

Fecha-se em seu eu,
em seu reduto,
sem alma, sem canções
sem vontade de viver.
Tenta dormir mas não consegue.

Cigana é mulher forte
mas também chora,
também sofre,
também sente.
Sim, sente saudades do amado
que partiu e não voltou
para acalentar os seus sonhos,
para amenizar o seu sofrer,
para saciar sua paixão e
satisfazer os seus desejos.

Essa cigana que brilha
que explode na dança
é alguém que finge alegria,
está agora sozinha,
chorando baixinho
esperando o sono
para com o amado sonhar.

 


 

 


 

 

                          

           

 

 

 

 

 

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