( Manuel Cristovão )

 

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Deitado mas despertando, acordado mas sonhando,

armadura vulnerável!

Confia gizando rotas mas por outras caminhando,

vai escrevendo e apagando!

Satisfação saciada de desejo insatisfeito,

Menino de muitos anos num velho de pouca idade

sorrindo à mágoa que afaga no pranto que o contenta!

Tem livros que nunca leu mas deles se alimenta!

Ama o amor e se encanta do muito amor que viveu,

e sai cantando à saudade que do futuro colheu!

A sua amada beijou, beijos dela recebeu,

e já seus corpos se uniram nas almas amalgamadas

no desespero do tempo!

Tempo que foi temporal que o tempo desvaneceu!

Passam os amantes voando;

Serão águias? Serão anjos?

Como estes são eternos

ou como aquelas, etéreos?